Maltine do Bairro #14 - Lá e de volta outra vez
Quando criei essa newsletter, as coisas não estavam fáceis, mas conseguia sentir a evolução a cada cartinha. Era como se o peso nas minhas costas fosse saindo, pouquinho a pouquinho, toda vez que contava algo por aqui.
Mas acontece que muito da minha vida não pode ser compartilhado. Não me sinto confortável nem de falar em voz alta, sabe? Não consigo expressar nem na terapia, por que seria diferente aqui?
E são essas coisas que acabam pesando mais depois de um tempo.
Então não é como se eu não tivesse o que escrever. Eu escrevo várias newsletters mentalmente toda semana. Mas não consigo botá-las no papel. Não consigo transformá-las em e-mail. Ou porque minha mente funciona mais rápido que minhas mãos e eu começo a ficar confusa, ou porque passo a maior parte do meu tempo questionando o quão irrelevantes são os meus problemas diante do mundo.
Essa é a razão da periodicidade tão maluca: eu estou uma bagunça. E questiono essa bagunça o tempo todo, mas não consigo fazer com que a arrumação dure muito tempo. Não consigo acreditar em mim, porque é-tudo-tão-pequeno e tanta gente já me fez sentir completamente substituível e irrelevante.
Algo que está me destruindo por dentro simplesmente não importa pra ninguém. Algo que talvez pudesse até ter solução, bom, tem tanta gente passando por isso ao mesmo tempo, por que comigo seria especial?
E assim eu sigo me boicotando, ou tentando não me boicotar e falhando miseravelmente. Em looping. Até o dia em que não for capaz de me segurar mais.
A síndrome do impostor segue firme e forte, os problemas de confiança seguem inabaláveis, a sensação de que desaparecer faria muito mais sentido do que continuar sendo esse estorvo só aumenta.
Mas você ainda me vê sorrindo por aí. Ainda me vê tentando. É tudo que nos resta: tentar.
Resolvi assistir a My Mad Fat Diary - conhecia só alguns trechos, incríveis, por sinal - e talvez o timing não tenha sido ideal. Mas a série é maravilhosa. Infelizmente não me sinto bem quando me identifico demais com protagonistas de séries teen porque estou faz tempo bem longe dos 16 anos (e, sinceramente, se soubesse que acabaria assim, teria sido problemática desde cedo, pra sei lá, ter alguma paz aos trinta e poucos).
Um bônus: a trilha sonora 90’s maravilhosa (fiz uma playlist com todas as musicas, tá aqui). Pra quem, como eu, não sabia onde encontrar a série: está debaixo dos nossos narizes, ali no YouTube, completinha, bem legendada e em ótima qualidade.
Aliás, falando em séries, My Mad Fat Diary me fez lembrar que cancelaram Dietland, uma das séries que mais gostei de ver esse ano (tem na Amazon Prime). De que adianta criarem séries incríveis com protagonistas gordas se a gente não pode nem se apegar, porque cancelam rapidinho? Fica a profunda questão. De qualquer maneira, sugiro fortemente que assistam. Tem muita coisa doida, muita coisa com a qual eu discordo, mas ao mesmo tempo, é uma série que abre os olhos da gente pra muita coisa.
Eu planejava dizer muito mais, mas já expliquei ali em cima, né?
Outra hora eu volto.
Beijos :)