Maltine do bairro #22 - vai ficar tudo bem
tá tudo desandando porque eu voltei a escrever ou eu voltei a escrever porque tava tudo desandando?
pode ser tudo culpa de mercúrio retrógrado e do meu inferno astral, né?
pra começar eu convido você a ouvir a trilha sonora oficial dessa temporada de Maltine do Bairro: vai ficar tudo bem, da dois quartos. depois você pode emendar com nostalgia. sinceramente? só manda o play nessa lista toda que a vibe é boa demais.
essa newsletter foi a única coisa que consegui manter com consistência esse ano até agora.
então, apesar de ontem ter deixado pra lá a ideia de mandar essa semana, deitei as 23h e 1h30 eu já estava acordada, desgraçadíssima da cabeça e, depois de dar várias voltas ao redor do incrível mundo da internet, me pego aqui escrevendo, sim, mais uma vez. faltam alguns minutos pras três da manhã - nada de bom acontece depois das três da manhã. exceto essa newsletter. ela vai acontecer.
eu era mais objetiva, tava lendo algumas das news antigas. recentemente tem sido uma colcha de retalhos, um amarrado de sentimentos que coexistem mas não necessariamente se complementam, às vezes até são conflitantes. e em geral eu ficaria preocupada, mas tenho recebido boas respostas. acho que o importante é seguir me comunicando, né? poderia pedir desculpas, mas qual o ponto em pedir desculpas por quem eu sou? a gente vai se acertando no caminho.
falo do que eu sinto aqui, você relaciona com o que sente aí, às vezes me responde (amo), às vezes não, e vamos lidando com nossos demônios e seguindo em frente.
quantos sentimentos cabem numa semana, hein?
porque aqui parece que os limites foram todos ultrapassados desde que algo em mim que achei que estava morto se provou vivíssimo.
ando como um trem na contramão e isso está se refletindo numa avalanche de sensações. numa semana meu maior medo era viver uma solidão assistida, aí externalizar isso na cartinha se voltou contra mim. agora, nesse processo de luto, temos só a solidão mesmo, ninguém assiste mais nada. restam os malabarismos ao lidar com a rejeição. a gente passa por questionamentos internos e externos, numa eterna luta pra transformar o "nunca quis incomodar" em "eu existo e tenho valor". essa luta eu estou perdendo, porque surtei demais em fevereiro.
quando você tem um problema que afeta diretamente o seu humor e a maneira como você reage às coisas, parece que fica ainda mais difícil viver (eu não sei como é ser normal, então só posso supor diante dos conselhos que recebo). enfim. além de viver reações inesperadas e exageradas, muitas vezes acho que estou sendo ponderada, equilibrada, racional, e só depois me dou conta de que perdi TOTAL o controle e aí me culpo e me odeio por não poder ser simplesmente uma pessoa normal, que decide algo e age pautada nessa decisão. como se eu fosse sempre acabar afastando todos de mim.
eu usei “normal” mais de uma vez no parágrafo acima e aqui eu quero só me contradizer pra pontuar que acho que ninguém é “normal” porra nenhuma. o que é normal? mas acho que da pra entender o contexto.
tem mais uma coisa: eu estou exposta. não completamente, mas estou. toda a minha vida e a minha carreira se pautaram no “estar vulnerável”. quando falo sobre autoestima, autocuidado, amor próprio. quando falo sobre relacionamentos. quando desenho algo ou escolho compartilhar o trabalho de alguém. como produtora de conteúdo, como artista, como criativa, eu estou muitas vezes quase que despida na frente de todos. não funciona se não for assim, eu já tentei.
não rola se não for de verdade, se não tiver um pedaço meu ali. então deixo ser. vou me preservando sem me privar quando posso me dar a esse luxo, quando a saúde mental me permite.
mas é difícil. perco muito estando vulnerável. não posso controlar a maneira como a mensagem chega até os outros. não posso determinar a maneira como serei lida. na maior parte das vezes, por exemplo, em que vou conhecer alguém, essa pessoa já tem uma visão criada de mim. uma visão feita de recortes que não necessariamente serão os que ela vai encontrar quando estivermos ali um ao lado do outro.
a questão é que eu não sou meu trabalho. não sou APENAS isso que você vê aqui. tenho uma bagagem que poucos conhecem, tenho dores e traumas como qualquer um. inseguranças, dilemas de autoestima. e eu sofro, pra caralho, pra controlar cada uma dessas coisas.
então, quando exponho qualquer coisa aqui, não pense que isso define uma situação ou relação da minha vida. tem muito mais.
eu escrevo sobre sentimentos, não pessoas. embora, é claro, pessoas gerem ou alimentem esses sentimentos em mim.
e eu não exponho ninguém. mas também não me escondo - e não aceito que tentem me esconder. me silenciar. porque escrever e desenhar é mais que minha forma de resistir, é minha forma de continuar existindo. todo mundo tem a sua.
já levantei essa bola aqui em cartinhas anteriores, em como o que escrevemos/criamos afeta pessoas que passaram por nós, às vezes essa preocupação com quem já partiu nos limita criativamente - e, se permitirmos, tira de nós o controle da narrativa da nossa própria vida. estava falando disso com a Bruna na semana passada quando nos juntamos pra escrever na casinha dela. (aliás, ela tá terminando um livro novo e publicou um vídeo teaser lindíssimo essa semana, você já viu? veja!!!)
enfim. tô planejando um episódio a respeito e acho que vai ser bem legal, chamei pessoas incríveis pra participar. tomara que role logo e que elas consigam vir. 🖤
AVISOOOOOOOOOO pra você que é de São Paulo:
nesse fim de semana (16 e 17/3) tem Pop Plus na Avenida Paulista e eu estarei lá mais uma vez distribuindo abraços, panfletos do Exaustos e vendendo minhas artes. vai ter filtro dos sonhos, flâmulas, prints, livros e caderninhos. passa lá pra me dar um abraço (dia 29 é meu aniversário! aceito adiantado sim!!), ver o banner que ilustrei pro evento (nunca vi algo meu impresso assim, grandão, e to ansiosa) e comprar umas artes praenfeitar sua casa, dar de presente pras migas e ainda ajudar a jovem adulta a pagar suas contas pois não está sendo fácil. FORTALECE AÍ!
no bazar, que eu sempre falo aqui, tem MUITAS marcas de roupas e acessórios plus size. é um lugar bem gostoso de passear, tá ali na paulista, você nem perde seu rolê. e essa edição é especial de liquidação! já na área de artistas, além de mim, tem outras pessoas lindas: o @projetocadauma e a @jacque.jordao, que trabalham fotografia de uma forma apaixonante, e a @marcellarosa_ma e a @larissasiriani, escritoras.
Pop Plus # 24
Quando:16 e 17 de março, 11h às 20h
Onde: Club Homs - Av. Paulista, 735 (Metrô Brigadeiro - Linha Verde)
Quanto: entrada gratuita (sem inscrição, evento de varejo)
recebi várias mensagens por aqui e pelo instagram pra assistir ao megarromantico. eu já vi! no dia que lançou. achei ok, mas nada demais. definitivamente não ando em condições de ver comédia romântica debochada atualmente, rs.
o que eu realmente curti esses dias foi ler um pouco. reli “o que o sol faz com as flores”, da rupi kaur, que eu tinha lido logo que ela lançou lá fora e nunca mais tinha pegado pra olhar, daí bateu pesadíssimo dessa vez (e as vezes a gente precisa dessas pancadas).
também resolvi continuar Outcast, um quadrinho de terror incrível que comecei ano passado e que é do criador de walking dead, aliás. ainda to na segunda parte, mas to amando, como toda e qualquer história que reflete minha alma sombria, né?
e é isso.
eu sei que normalmente sou eu que indico algo, mas hoje é minha vez de pedir ajuda: me indica um livro/quadrinho que você acha que combina comigo? eu tô exausta e quero fugir um pouco de dentro da minha cabeça.
(fade in na trilha sonora)
Às vezes os dias podem parecer pesados
Você pode estar se sentindo sozinho e sem ninguém
Ninguém sabe mais do que eu sei
O quanto você não está bemTodo mundo tem seus piores dias
E eu tambémTá tudo bem sentir saudade
Tá tudo bem não esquecer
Tá tudo bem mandar mensagem
Tá tudo bem se for do bemNão deixe seu medo tornar os seus problemas maiores do que são
(sei que já recomendei a música e a playlist ali em cima, mas descobri só essa semana que tem uma nova versão acústica de vai ficar tudo bem, e precisava enfatizar que recomendo muito rs)