Maltine do bairro #5 - Criar, mesmo com o monstro da insegurança à espreita
Quem diria que teria mais coisas para contar sobre a vida lá fora do que sobre livros ou séries e filmes? Essa semana foi meio doida para a minha realidade. HAHA! Se você é de SP, não esquece do nosso encontro marcado nesse sábado, 11/8, às 18h, lá na Bienal do Livro. Esse é um dos dias mais especiais do ano pra mim! Sério. Vamos nos abraçar. 🖤
Eu tô animada hoje. Saiu o podcast Sete e Quinze sobre The Handmaid’s Tale que eu to falando desde a primeira news! Se você já assistiu, ouve lá! Finalmente falei o que queria, sem me preocupar com spoilers, ao lado da Thai e da Anna Lívia (obrigada pelo convite, meninas!!!). Se não assistiu a série ainda, tá esperando o quê? Assiste e vem ouvir depois.
Nessa terça as aulas na Quanta voltaram.
Quando me matriculei, em março, eu estava realmente empolgada para voltar a estudar lá. Não tinha nem dinheiro pro curso, mas foi mais um ato patrocinado pela mania, um daqueles “faz primeiro e pensa depois” que permeiam a minha vida de TAB. Não posso reclamar, já fiz muita besteira nesses estados, mas sinceramente já tomei algumas das melhores decisões da minha vida, me diverti bastante e entreguei alguns dos trabalhos mais legais que já produzi.
Também, o que há em comparação? Quando pendo pro extremo oposto, a depressão, simplesmente não sei dizer como me mantenho funcional. E muito pouco depois de começarem as aulas, lá estava eu, no curso de Desenho 2, com um professor incrível, uma turma acolhedora e uma depressão arrasadora. Desde então, cada aula parece um novo convite a destruir ainda mais minha autoestima, que jaz aos pedaços no lixo. Isso porque meu ritmo está lento, minha criatividade está inexplicavelmente bloqueada e me sinto cada vez pior.
Antes das férias de julho, perdi algumas aulas porque não conseguia encarar o professor e a turma. Como chegar na sala sem nada de novo pra mostrar no sketchbook? Como viver o pesadelo do “paredão” no final da aula, quando todos mostram o que fizeram - e eu sempre produzi menos e pior que todo o restante? Eu não estava dando conta. Meu maior problema é a cobrança que tenho comigo mesma. Isso tá me matando. Na primeira vez que fiz o curso, lá em 2013, eu era outra Ariane.
Enfim, voltamos. Estou me esforçando. Evoluí bastante com a terapia, a newsletter tem me ajudado, e não sei se tô no modo “não me importo mais mesmo”, mas simplesmente me abri pro professor, numa sala cheia de desconhecidos, já quase na hora de sair, sobre como está sendo difícil lidar com tudo isso e me manter ali mesmo assim. MAS EU SÓ IA TIRAR UMA DÚVIDA SOBRE PINTURA. Sério. De repente tava contando a história da minha vida.
Em minha defesa, tenho vontade de falar sobre a depressão com o Brão desde que comecei a me sentir mal. Não que eu esteja lá pra fazer arte terapia, rs, nem de longe. Só porque realmente não tenho me reconhecido e o fato de todos os dias me sentir pior por não conseguir entregar o que gostaria estava me matando. Tem interferido nas aulas, sabe? Eu sei o que tem me puxado pra trás, tenho lutado com unhas e dentes contra isso e bom, é uma grande vitória estar lá e entregar alguma coisa, se parar pra pensar. Mas eu continuo sentindo como uma derrota. Por que? Por algum motivo, a ideia de que me olhem e pensem que estou de má vontade quando na verdade estou dando tudo de mim pra estar ali me dá pânico. Estar vulnerável de verdade me assusta menos. Não sei nem se faz sentido.
Enfim, o Brão falou um monte de coisas legais sobre relaxar ao pintar e ao desenhar, sobre se desligar das expectativas - suas e dos outros - ao fazer sua arte e sobre como a gente tem que valorizar a própria evolução sem se prender a cobranças e comparações absurdas. E produzir. E continuar produzindo. Queria dizer melhor aqui, mas estava bem nervosa e não me lembro direito das palavras dele, essa é a verdade. Ele foi super gentil comigo, ainda bem, e eu to aqui escrevendo isso nessa carta pra vocês pra lembrar que às vezes é assim, você explode e as coisas encontram um jeito de ficar bem de qualquer maneira.
Depois eu voltei pra casa e dormi na santa paz.
(Esse dilema todo que tenho vivido me lembrou essa tirinha do ZenPencils abaixo, sobre um texto do Bukowski, que eu tenho salva no meu email há anos, mas não encontrei mais no site deles, então vou reproduzir aqui. Foi ela inclusive que me motivou a começar a newsletter e encontrar novos meios de continuar escrevendo, falando, pensando nas criações sem parar. Eu estava entregue demais.)
Na quarta tive uma consulta tão boa.
Finalmente to mais tranquila quanto a tudo que tá rolando. Quando os médicos tratam a gente como seres humanos as coisas ficam tão mais leves. Por que não é sempre assim? Fica aí o questionamento. Não entra na minha cabeça essa coisa de "tratamento humanizado" ser um diferencial quando, oras, SOMOS HUMANOS. Humanizado é o mínimo, né.
Depois teve a festa de aniversário da Cacau, e mais uma vez rolou um #ForçaGuerreira pra sair de casa. Ainda bem que venci minha resistência e fui - me diverti, tomei várias gin tônicas, conheci gente legal, dez e meia da noite eu já estava andando descalço sem pudor algum. Provavelmente agi como uma mala bêbada abordando as pessoas e agora tô me condenando por isso como faço sempre, haha (rindo de desespero).
E não foi o primeiro aniversário que fui essa semana! As leoninas tem o dom me me tirar do casulo. Sábado fui na casa da Thai comemorar os trinta dela com direito a uma campanha jamais terminada de Hidden Agenda, algumas taças de vinho e lamentações sobre o estado atual dos relacionamentos modernos (ou: ‘meu deus, como tá difícil conhecer alguém’ & ainda ‘como seria bom se a gente pudesse falar BORA TRANSAR? e seguir vivendo’).
Foi bom demais. A Thai é uma das melhores coisas que me aconteceu esse ano (e na vida, né? É que na vida eu já acompanho ela faz tempo). Inclusive tenho planos de sequestrar o cachorro dela quando ninguém estiver vendo. Poucos sabem, mas eu sou a maluca dos cachorros.
Comecei a assistir Final Space, que tava todo mundo falando, mas ainda não fui capturada pela história, preciso terminar! Fiquem atentos aos próximos episódios desta news.
Também vivi mais do que o habitual essa semana e não consegui assistir mais nada direito, então não tem indicação de série! Mas continuo querendo saber o que você tá achando de Orange Is The New Black! Minha definição é: odeio amar essa série. Não acontece quase nada, mas ao mesmo tempo o roteiro dá tanta pancada, tanto choque de realidade. Não aguento mais ver as meninas sofrerem. Mas amo. O arco da Taystee esse ano... Eu tô até agora digerindo. Mesmo sabendo o que ia acontecer desde o início. Porque a vida é isso, é indigesta pra caralho. O fato de que estão sempre nos colocando uns contra os outros pra que não dê tempo de nos rebelarmos contra a verdadeira ameaça, que vem de cima? O fato de que muita gente prefere ignorar a existência da opressão, mesmo tendo vivido na pele, porque é muito mais fácil estar na posição do privilégio? Ah! E essa cena.
Umbrella Academy não me capturou como eu gostaria. Nem consegui terminar de ler ainda, porque sinto que talvez seja o meu momento e não a história que não está interessante. Esperei muito tempo pra começar porque tinha medo de estragar a experiência com as expectativas altas (Gerard Way e Gabriel Bá, duas paixões) e me decepcionar - mas a série da Netflix tá chegando e a minha curiosidade só aceita deixar pra lá até um certo ponto. Então vou insistir mais um pouquinho. Você já leu? O que achou? Me conta?
Acho que essa semana já falei demais. Volto na próxima com o coração quentinho da Bienal. E pra quem andou se perguntando se escrevo aqui pra falar sozinha: nananinanão. Eu escrevo esperando respostas. E respondo as respostas! Porque eu quero dialogar, rs. Às vezes demoro um pouco, sim, não nego. Mas respondo.
Enquanto não volto por aqui, sempre podemos nos falar pelo Twitter e pelo Instagram.
Beijo <3