Maltine do Bairro #9 - Até aqui tudo bem
No mês de julho, durante uma bateria de exames de rotina, a médica encontrou um nódulo na minha tireoide. Uma breve visita ao Dr. Google me disse que isso era absolutamente comum, então eu tava super despreocupada, fiz a biópsia achando que era só sobre tamanho e tal e não me dei ao trabalho nem de buscar antes da consulta. Chegamos lá, ela abriu o pacote e rolou o seguinte diálogo em menos de dois segundos:
- Você já olhou o resultado, Ariane?
- Não, trouxe do laboratório pra cá direto
- Deu positivo pra câncer. Precisa marcar consulta com o cirurgião. Vamos pesar agora? :)
Então basicamente foi isso. Ela me lança um “deu positivo pra câncer” (essa frase não faz nem sentido pra mim até agora!!!) e na hora senti minha mãe desmoronando ao meu lado, o que me fez ficar ainda mais preocupada - com ela. Dez segundos depois a médica estava elogiando que perdi 6kg mudando a alimentação e pedindo pra que eu fosse de novo à nutricionista porque acha que eu poderia emagrecer mais. MULHER, EU NÃO QUERO EMAGRECER, quero entender o meu problema. Como você me fala que eu tenho câncer e sem nem piscar já tá elogiando emagrecimento?
Não ousei visitar o Dr. Google dessa vez, não queria pânico.
Fui ao cirurgião. Que também não explicou nada e, pra começo de conversa, ainda soltou um “ah, vai ser ótimo, tirar a tireoide vai fazer você perder peso”. DE NOVO, GENTE: to querendo saber como tá minha saúde e o cara que me conheceu há 5 minutos tá falando que eu posso ficar feliz pelo câncer pois no fim isso vai me fazer perder peso.
Você entende por que eu tava mais descontrolada que o normal nos últimos meses? Eu só queria dar um tiro em todo mundo. Porque minha saúde tava perfeita, obrigada, exceto por esse probleminha que acabaram de descobrir e que não tinha nada a ver com meu peso. Ainda assim, SÓ SE FALAVA NA PORRA DO PESO.
Eu não sei qual o problema dos médicos em tratar a gente como ser humano, mas um simples diálogo teria me privado de achar que ia SOFRER ATÉ MORRER, né. Me perdoem, mas eu sou transtornada, não é segredo pra ninguém. A cabeça leva sempre ao pior cenário. Tudo bem, no terceiro médico que procurei, um homem maravilhoso e caído dos céus pra me tratar como gente, fui finalmente EXAMINADA (os outros só olharam os ultrassons, nem encostaram em mim), tive todo o processo explicado, literalmente DESENHADO no papel, rs, entendi que era algo simples mesmo e, enfim, entrei no loop infinito de exames pré-cirúrgicos até chegar a essa semana: a cirurgia.
Que foi ótima, obrigada! Se estive doente, não me lembro. Mentira, lembro sim pois meu pescoço ainda dói e a avaliação pra saber se precisarei fazer iodoterapia ainda não está pronta. Mas foi um sucesso e eu to feliz demais. É algo simples de verdade, aparentemente todo mundo conhece alguém que já teve, nada parecido com o nome assustador. E ainda tratei no início, então TOP demais. Um peso a menos nas costas nesse ano em que parece que todas as tretas possíveis resolveram tomar conta da minha vida. Era isso.
Pra quem perguntou: não falei nada a respeito porque não queria preocupar ninguém e também não queria ter que ficar explicando. Contei só pras pessoas mais próximas, as poucas em quem confio muito mesmo, pra dividir um pouco do peso de estar meio aérea. E foi isso.
Até aqui tá tudo bem.
Na quinta-feira, logo depois da cirurgia, os meninos me mandaram mensagem perguntando sobre o horário de visitas. Eu fiquei super tímida porque né, me senti já incomodando os outros. Mas contei. Horas depois, Fran, Vitor e Rodrigo apareceram lá pra me ver. Rimos muito. Conversamos. Esqueci até que estava de cama. Não estou acostumada a me sentir amada assim. Sou grata demais por ter amigos incríveis na minha vida, viu?
Eu e os meninos gravando podcast: uma síntese em gif
E falando neles, o podcast está no ar! Como é um espaço pra desabafarmos, reclamarmos e simplesmente tentar organizar o inexplicável nas nossas mentes, o nome é EXAUSTOS. Nada define melhor a gente, hahaha. O piloto e os dois primeiros episódios já foram liberados e os temas são TINDER (1,2) e REJEIÇÃO (3).
Você pode procurar por “EXAUSTOS” no seu feed de podcasts favorito. Estamos no iTunes também. E logo logo estaremos no Spotify.
To amando demais receber mensagens a respeito das nossas histórias escrotas. Se quiser contar sua história, comentar algo, dar sugestões... manda lá no estamostodosexaustos@gmail.com. Estamos nas redes sociais também: Twitter, Instagram.
Sexta passada a Thai veio aqui em casa pro melhor programa possível: Netflix and Chill. A ideia era vermos Bojack Horseman, que tinha acabado de estrear a 5ª temporada, mas o universo preparou algo ainda melhor pra nós: POPSTAR: SEM PARAR, SEM LIMITES também tinha entrado no catálogo naquele dia e Thai queria me introduzir a esse mundo maluco que é um filme com Lonely Island.
Nossos crushes
Resumindo: quatro da manhã, três garrafas de vinho depois, a gente tava cantando, pulando e gargalhando alto ao som de Lonely Island na sala e vendo clipes antigos no YouTube. A multa do condomínio, ela vem a galope. Mas eu nem ligo. Tenham amigas, é bom demais.
No sábado teve VHS e foi divertido ver a cara de choque de todos os amigos que encontrei. Nunca imaginei que um dia “Ariane estar na balada” fosse ser algo tão inacreditável. ESTAVA ENGANADA. HAHAHAHA. Fui porque Matheus e Marina me chamaram, a Pati e o Bovolindo também iam, só gente amada mesmo. Confesso que sigo preferindo PAZ e que 3 horas da manhã eu já tava chamando o Uber desesperada pela minha cama. Muita gente, muita gente!!!
Mas foi incrível e nossa, como é bom sair da rotina de vez em quando. 🖤
Chegou a hora de ver Bojack Horseman. A última temporada tinha sido uma das minhas favoritas porque a imersão no passado dele, nas razões daquela personalidade horrível, tudo isso foi foda. Mas a quinta tá pesada, tá cheia de surpresas (inclusive o INCRÍVEL sexto episódio que, pqp, entreguem um Emmy pro Will Arnet, por favor).
Bojack, pra mim, é um dos personagens ficcionais que mais representa esse medo e anseio de intimidade simultâneos que assolam nossa geração. Ele é desprezível em muitos aspectos, e sabe disso. Quer melhorar, tenta melhorar e não consegue. E aí ele tira de nós uma identificação que chega a ser cruel, despertando simpatia (porque nos reconhecemos nele), ao mesmo tempo em que não é aspiracional: ele é aquilo que não queremos ser. Ele nos lembra do nosso pior lado. Todos os privilégios que ele tem, todas as situações que nos fazem rir, é tudo pra nos causar desconforto. Tentei falar disso no episódio sobre intimidade que sai na próxima semana, mas não sei se consegui me expressar bem. A verdade é que, basicamente, o que eu tenho a dizer é: assista. Só fica melhor.
Esses dias eu tava ligada no 220V, produzindo bastante e experimentando bastante, possivelmente minha cabeça tentando se afastar do nervosismo da situação. E foi ótimo. Comecei a testar aquarelas, lápis de cor, marcadores... sigo preferindo o preto e branco? Sigo. Mas o “medo” de colorir tá cada dia mais no meu passado! HAHAHAH.
Tô compartilhando sempre que posso lá no meu instagram de desenhos.
A Nanaths veio aqui em casa gravar sobre o livro e a lojinha dela, num papo de como é empreender do ponto de vista de artista. Essa semana volto a subir vídeos no canal! Dia 27/9 tem um com a Marina Viabone! Dia 4/10, com a Nanaths. 🖤
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E se quiser sugerir temas ou alguém pra gravar comigo, responde aí! Eu não curto gravar sozinha mas to chamando os migos no probleminha mesmo!! HAHAHA
E, por fim, eu ando completamente incomodada com o ritmo que as coisas estão tomando nesse Brasil. Essas eleições ainda me matarão de pânico e desgosto, real. Então tenho feito de tudo pra não surtar.
Escrevi essa newsletter na cama, ainda embrazada nos medicamentos pós-cirúrgicos e peço perdão pelo vacilo, eu juro que tentei!!! Agora a ordem é repouso até quarta, aí tenho consulta pra descobrir se to liberada pra viver novos agitos. Vamos que vamos, né?
Um beijo e até semana que vem!