Eu não sei se você tem noção do quão desesperador é sentir que não se tem nada a dizer. Pelo menos quando você costumava a ser a pessoa que sempre tinha algo a dizer (apesar de muitas vezes ficar em silêncio). No início, você estranha e pensa “bom, vai passar”, porque ao que tudo indica é só uma oscilação, não é a sua realidade. Mas o tempo vai passando e o vazio aumenta. Não ter nada a dizer vira o novo normal. Aquela memória de alguém que sempre tinha o que dizer começa a parecer inventada. E tudo bem, se você não ligar.
Mas você se importa, porque escrever e falar sobre o mundo era o que mais gostava de fazer. “Será que criei uma versão de mim e não consigo materializá-lá?? Será que nunca tive mesmo o que dizer? Será que eu estou fazendo gaslighting comigo mesma!?”
São muitas questões.
E aí você busca a terapia. Infelizmente, o profissional não te conhecia antes, ele só tem o presente e a sua palavra como matéria. E nem você mesma tá botando fé na sua palavra agora. Quando ele começa a te questionar mais sobre a maneira que você verbaliza a sua frustração do que de fato de onde ela vem, você passa a ficar irritada. “Por que querem me convencer de que o erro está em dizer ‘eu não consigo’? Eu sei que essa não é a raiz do problema. Ok, ‘eu não estou conseguindo’, melhorou?” O que essa mudança resolve? Sinceramente, nada.
A raiz das dores segue ali, intocada, inexplorada. A terapia começa a se parecer um pouco sem sentido também. Se é que você sabe o que essa palavra significa, que não está só criando coisas de novo. De novo? Mas você estava criando antes? Quem é você? O que está fazendo aqui? Por que se questiona tanto? Um profissional atrás do outro, um diagnóstico atrás do outro, a insistência, a busca por soluções, por definições, tudo fruto do desejo de não desistir de se reencontrar, mesmo que o olhar ainda encare o vazio. Mas a resposta é a mesma. “Nada. Continuo sem nada a dizer.” E é desesperador.
⭐️ sei que estou atrasada no assunto, mas se você, assim como eu, ainda não viu a tal da série dos piratas gays, corra enquanto é tempo. nada mais gratificante do que a combinação de romance entre homens esquisitos, comédia sensível e taika waititi cabeludo e barbudo em alto mar. Nossa Bandeira é a Morte (our flag means death) está disponível na HBO Max.
⭐️ eu não queria ser a pessoa a dizer “isso é muito black mirror”, mas desde que a Alexa lançou um recurso para reproduzir a voz de pessoas mortas eu fico um pouco apavorada com o que as pessoas esperam dessas tecnologias. isso é muito black mirror.
⭐️ se você também é uma boneca deprêzinha da estrela, então seu MP3 player vai curtir essa adição - bring me the horizon e sigrid (meus dois universos colidindo) repetem enquanto as guitarras dão aquela choradinha: “it’s just a bad day, not a bad life”.
⭐️ será que finalmente vamos enterrar a geração girlboss?
⭐️ passado o delírio coletivo de kate bush em todos os reels e tiktoks da internet (eu amo a kate bush, não me entendam mal, é só que tudo que viraliza nas redes sociais encontra um jeito de se tornar insuportável via repetição), ou de todos os posts perguntando que músicas nos salvariam do Vecna, sigo obcecada por stranger things, ainda sem saber elaborar se amo ou odeio tudo o que está por vir. vamos aguardar.
⭐️ você engajaria numa apoia.se/catarse artístico meu com um diário ilustrado? desde o workshop com o allan sieber e a sirlanney eu preparei todo o projeto, mas nunca coloco no ar porque minha cabeça repete pra mim “nem sua mãe vai assinar isso” (ela não saberia assinar kkkk). aí eu adio. “se você não faz, não tem como falhar”; infelizmente sigo muito essa grande máxima do autoboicote. Pior que tem funcionado.
Por ora é isso. Vamos ver pra que direção seguimos depois.
Uma boa semana,
Ari.
Eu com certeza engajaria no apoia.se, vai ser bom demais se você fizer, espero que dê certo!
To mandando boas energias pra não rolar esse autoboicote de novo, e um abraço quentin. <3
Cê é uma artista foda.. simbora com esse proj no catarse 🥰🥰